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Associação de defesa do consumidor adverte para a queda prevista das pensões e o elevado endividamento das famílias reformadas, defendendo uma mudança cultural e política na forma como o país encara o futuro financeiro.

Envelhecimento e queda das pensões ameaçam sustentabilidade do sistema

No Dia Mundial da Poupança, a DECO – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor lançou um alerta sobre a urgência de poupar para a reforma, face ao que descreve como uma “tempestade previsível” no sistema de pensões português.

Segundo dados da associação, a esperança média de vida continua a crescer, enquanto o valor das pensões tende a diminuir, colocando em risco o poder de compra dos futuros reformados.

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De acordo com o Ageing Report 2024, citado pela DECO, a taxa de substituição das pensões — ou seja, a percentagem do último salário que o reformado receberá — deverá cair de 69,4% para apenas 38,5% até 2050, caso não ocorram reformas estruturais na Segurança Social.

Famílias reformadas têm, em média, quatro créditos ativos

A situação financeira atual dos reformados portugueses revela um quadro de vulnerabilidade. Segundo a DECO, os agregados familiares nesta faixa etária têm, em média, quatro créditos ativos, num total de cerca de 20 mil euros, além de cartões de crédito no valor de seis mil euros.

As prestações mensais rondam 680 euros, para um rendimento médio líquido de 1.150 euros, o que representa uma taxa de esforço próxima dos 60% — quase o dobro do limite financeiro recomendado (35%).

A associação considera estes números um sinal claro da “elevada fragilidade económica” dos reformados que chegam ao fim da vida ativa sem poupanças complementares.

Urgência em mudar hábitos e políticas de poupança

A DECO sublinha que “poupar para a reforma deve ser encarado como um objetivo ao longo de toda a vida ativa”, começando logo na entrada no mercado de trabalho.

A associação defende a criação de incentivos fiscais progressivos, produtos de poupança transparentes e acessíveis, e programas de literacia financeira que ajudem os cidadãos a compreender e planear o seu futuro.

Para a entidade, reformar a forma como se pensa a reforma é essencial para transformar o medo do futuro numa cultura de preparação e segurança.

Educação e transparência como pilares de um futuro sustentável

A DECO propõe ainda campanhas de sensibilização pública, com exemplos reais que expliquem a importância da poupança desde cedo, e defende a redução da carga fiscal sobre os depósitos a prazo, medida que poderia estimular o hábito de poupar.

Além disso, considera fundamental garantir apoio financeiro independente, livre de conflitos de interesse, que oriente os cidadãos na escolha de produtos de poupança complementar.

Num país onde o envelhecimento populacional e a baixa natalidade colocam desafios estruturais à sustentabilidade da Segurança Social, a mensagem da DECO é clara: sem uma mudança profunda de mentalidades e políticas, o futuro das reformas em Portugal pode estar seriamente comprometido.

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